‘Tarifas de Trump podem ajudar Lula nas eleições’, diz economista do BTG Pactual e FGV
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem incentivos políticos e econômicos para não retaliar as tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre parte das exportações brasileiras, segundo o economista Samuel Pessôa, pesquisador do BTG Pactual e do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre).
Em entrevista à BBC News Brasil, Pessôa afirmou que a ausência de retaliação pode contribuir para uma “desinflaçãozinha” no médio prazo, favorecendo o bem-estar econômico e, por consequência, a corrida eleitoral de 2026. Para ele, a retaliação poderia até servir como instrumento de barganha, mas o Brasil teria pouco poder nesse cenário.
O economista mantém a projeção de que o país passará por um “pouso suave” da economia. A previsão é de crescimento de 2% em 2024 e 1,5% em 2025, após a média de 3% nos dois anos anteriores. Pessôa avalia que a desaceleração não deve impactar fortemente o mercado de trabalho e que a inflação de alimentos tende a recuar com boas safras.
Sobre a resposta do governo brasileiro às tarifas, ele considera válido conceder crédito extraordinário aos setores mais afetados, ainda que isso pressione as contas públicas, desde que haja prazo definido para encerrar o programa. Ele alertou para o risco de medidas emergenciais se tornarem permanentes, citando o caso do Perse, voltado ao setor de eventos durante a pandemia.
Pessôa também comentou que o acordo comercial recente entre Trump e a União Europeia demonstra concessões excessivas dos europeus. Já sobre a China, afirmou que o presidente Xi Jinping tende a adotar postura mais dura nas negociações com Washington. O economista ainda discordou da avaliação do Nobel de Economia Paul Krugman, que defendeu que o Brasil teria pouco a perder ao retaliar Trump.
Fonte: Agência Brasil
