Pix vira alvo em investigação dos EUA contra o Brasil

O sistema de pagamentos instantâneos brasileiro, o Pix, foi mencionado no processo de investigação comercial aberto pelos Estados Unidos contra o Brasil. O Escritório da Representação Comercial dos EUA (USTR) aponta o Pix como exemplo de uma possível prática de favorecimento do governo brasileiro a sistemas nacionais, em detrimento de empresas norte-americanas.
No documento, o USTR afirma que o “Brasil também parece se engajar em uma série de práticas desleais com relação aos serviços de pagamento eletrônico, incluindo, mas não se limitando a favorecer seus serviços de pagamento eletrônico desenvolvidos pelo governo”.
O episódio envolvendo o WhatsApp Pay, plataforma de pagamentos da empresa norte-americana Meta, é um dos casos citados como emblemáticos dessa disputa.
Em junho de 2020, a Meta anunciou o lançamento do WhatsApp Pay no Brasil, o primeiro país a receber o serviço após testes na Índia. A operação usaria os sistemas da Mastercard e Visa, também dos EUA. No entanto, dias após o anúncio, o Banco Central (BC) e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) suspenderam a implementação da ferramenta.
O BC alegou necessidade de análise de riscos ao Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB), enquanto o Cade mencionou preocupações com a concorrência. Nesse mesmo período, o Pix estava em fase de testes. Em 16 de novembro de 2020, o sistema foi lançado oficialmente com adesão de mais de 700 instituições.
Já o WhatsApp Pay recebeu autorização apenas em março de 2021, quando o Pix já havia se consolidado como ferramenta amplamente utilizada pela população.
Desde seu lançamento, o Pix tem sido considerado um dos sistemas de pagamento mais bem-sucedidos do mundo, sendo usado por milhões de brasileiros em transações diárias. Por outro lado, o WhatsApp Pay não obteve a mesma adesão do público.
A investigação do USTR pode se tornar um ponto de tensão entre os dois países, especialmente diante do cenário atual de tarifas comerciais elevadas impostas pelos EUA ao Brasil, e da sensibilidade em torno de temas de concorrência internacional e soberania digital.
📎 Fonte: CNN