Brasileiras estão tendo menos filhos e adiam maternidade, diz Censo

O Censo Demográfico de 2022, divulgado nesta sexta-feira (27) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), confirma uma tendência já observada nas últimas décadas: as brasileiras estão tendo menos filhos e adiando a maternidade. A taxa de fecundidade total – que representa a média de filhos por mulher em idade reprodutiva (15 a 49 anos) – caiu para 1,55 em 2022, abaixo da taxa de reposição populacional (2,1 filhos por mulher).
Segundo o IBGE, a transição demográfica começou nos anos 1960, concentrada inicialmente nas regiões Sudeste e Sul, entre grupos com maior escolaridade e residentes em áreas urbanas. Desde então, essa queda se espalhou por todo o país.
Em 1960, a taxa nacional era de 6,28 filhos por mulher. Em 2000, já havia caído para 2,38. Em 2010, era de 1,90. Agora, em 2022, atingiu 1,55, refletindo uma transformação profunda na estrutura etária da população brasileira, com impactos no envelhecimento populacional e nas políticas públicas.
Diferenças regionais
A Região Sudeste apresentou a menor taxa do país em 2022, com 1,41 filhos por mulher, seguida pelo Sul (1,50) e Centro-Oeste (1,64). No Norte (1,89) e Nordeste (1,60), os índices continuam mais altos, embora também abaixo da taxa de reposição.
Entre os estados, Roraima é o único com taxa acima da reposição populacional (2,19), seguido por Amazonas (2,08) e Acre (1,90). Já Rio de Janeiro (1,35), Distrito Federal (1,38) e São Paulo (1,39) apresentam as menores taxas.
Maternidade mais tardia
O levantamento também apontou um adiamento na maternidade. A idade média da fecundidade subiu de 26,3 anos em 2000 para 28,1 anos em 2022. A maior média foi observada no Distrito Federal (29,3 anos), e a menor, no Pará (26,8 anos).
Mulheres sem filhos
O número de mulheres que chegam ao fim da idade fértil sem filhos também aumentou. Entre 50 e 59 anos, o percentual subiu de 10% em 2000 para 16,1% em 2022. No Sudeste, chegou a 18%, enquanto no Norte foi de 13,9%. O Rio de Janeiro lidera com 21% de mulheres sem filhos; Tocantins tem o menor índice, com 11,8%.
Religião, raça e escolaridade
Mulheres evangélicas apresentam a maior taxa de fecundidade (1,74), enquanto espíritas (1,01) e adeptas da umbanda e candomblé (1,25) têm as menores. Mulheres sem religião ou católicas também têm taxas abaixo da média nacional.
As indígenas têm a maior taxa (2,8 filhos por mulher), seguidas pelas pardas (1,7) e pretas (1,6). Mulheres brancas (1,4) e amarelas (1,2) estão abaixo da média nacional.
A escolaridade influencia diretamente na fecundidade: mulheres sem instrução têm, em média, 2,01 filhos; com ensino superior completo, 1,19. A idade média da maternidade também é maior entre as mais escolarizadas: 30,7 anos para mulheres com ensino superior, ante 26,7 anos para aquelas com ensino fundamental incompleto.
Segundo o IBGE, o acesso à informação e a métodos contraceptivos influencia diretamente as decisões sobre maternidade. “A mulher com mais escolaridade sabe melhor onde procurar métodos contraceptivos, se assim quiser. Ela vai saber fazer suas escolhas de forma mais consciente”, afirma a pesquisadora Izabel Marri.
Informações da Agência Brasil