China quer comprar maior fabricante de sistemas de defesa do Brasil

A Avibras Aeroespacial, principal fabricante de sistemas pesados de defesa do Brasil, pode passar parcialmente para as mãos da China. A estatal chinesa Norinco oficializou seu interesse em adquirir 49% das ações da empresa brasileira, que atualmente enfrenta uma grave crise financeira.
De acordo com informações da Folha de São Paulo, o Ministério da Defesa do Brasil já foi informado sobre a proposta da Norinco. Recentemente, o grupo de investidores australiano DefendTex desistiu das negociações com a Avibras devido à dificuldade de obter financiamento para a compra.
A Avibras, que preferiu não se pronunciar sobre a nova possibilidade de negociação, pediu recuperação judicial em março de 2022 e demitiu 420 de seus 1.500 funcionários. As dívidas da empresa já somam quase R$ 700 milhões. Em 2023, o presidente Lula determinou que fossem estudadas alternativas para evitar o fechamento da companhia, e uma das possibilidades seria a venda parcial.
A estatal chinesa Norinco é uma gigante da indústria de armas mundial, também atuando em setores como veículos, petróleo, produtos químicos e construção civil. Ela exporta diversos sistemas de defesa, incluindo obuseiros, blindados anfíbios e bombas aéreas, que frequentemente são usados pela China em disputas geopolíticas com os Estados Unidos. O principal interesse da Norinco seria adquirir os foguetes de calibre 122 mm, usados nos lançadores autopropulsados BM-21 Grad.
A negociação deve passar por uma análise da diplomacia brasileira, que não tem poder de veto, mas avaliará o impacto geopolítico da venda. A primeira avaliação do governo brasileiro é que a compra de 49% das ações manteria o comando da empresa no Brasil e seria menos problemática do que a venda total da Avibras, embora pudesse impactar o exército brasileiro. Até o momento, nenhuma decisão final foi tomada.