Propaganda com caju que nasce invertido vira piada na web

Uma campanha publicitária da L’Occitane au Brésil, estrelando a atriz Grazi Massafera, se tornou alvo de piadas nas redes sociais no fim de semana. O motivo? Uma representação inusitada do caju, fruto símbolo do Nordeste brasileiro. No vídeo, o caju aparece grudado no galho da árvore pela castanha, uma versão que vai totalmente contra a realidade botânica. Na natureza, o caju é ligado à árvore pelo seu “pedúnculo” ou haste.
Outro erro notável é que as folhas da árvore usada no vídeo não correspondem a um cajueiro. Essa campanha foi parte do lançamento de uma nova linha de produtos de cuidados com a pele à base de caju.
Nas redes sociais, muitos usuários se divertiram com o erro da propaganda, enquanto outros criticaram a empresa por não pesquisar corretamente o fruto que inspira sua linha de cosméticos.
O Instituto Caju Brasil (ICB), baseado em Fortaleza e fundado em 2018, foi um dos críticos da campanha, expressando sua preocupação com a representação equivocada do caju e sua importância na identidade nordestina.
Apesar do nome, o caju não é um verdadeiro “fruto”, mas sim um pseudofruto, ou seja, uma “falsa fruta”. A verdadeira castanha do caju é, na realidade, o verdadeiro fruto da árvore, crescendo a partir do ovário da flor. Enquanto isso, a parte carnosa do caju é conhecida como pedúnculo, que liga o fruto à árvore. A maior parte da massa do caju é composta por esse pedúnculo, tornando-o um componente valioso no mercado mundial.
Em resposta às críticas, a L’Occitane defendeu a decisão criativa de retratar o caju invertido, afirmando que isso foi feito para tornar a estética da campanha mais lúdica e gerar engajamento nas redes sociais.
A discussão em torno do caju não é apenas sobre uma campanha publicitária; ele é um símbolo cultural e econômico para o Nordeste, um dos maiores produtores do mundo de castanha-de-caju. Este importante fruto tem uma variedade de usos no Brasil, indo além da castanha, como na produção da cajuína, uma bebida típica, e na produção de geleias e doces.
Apesar do Brasil ter perdido a liderança na cajucultura para outros países, como a Costa do Marfim, ainda é uma nação que valoriza esse fruto versátil, consumindo-o de diversas formas. As exportações de castanha-de-caju brasileira em 2022 movimentaram 63 milhões de dólares, com destinos principais nos Estados Unidos, Países Baixos e Canadá. A cajucultura é uma parte significativa da identidade cultural e econômica do Nordeste do Brasil, e a representação precisa desse ícone é fundamental para sua valorização.